Em declarações ao Repórter Angola, o Deputado Nelito Ekuikui, que por sinal é secretário provincial de Luanda da UNITA, que liderou a representação do partido na manifestação de Sábado, 24, disse que as palavras que João Lourenço são contraditórias porque
afirmam o direito à manifestação e, ao mesmo tempo, é dito que a UNITA não tinha esse direito.
“Não entendemos o discurso do senhor presidente do MPLA, ao afirmar que os cidadãos angolanos têm o direito de reunião e de manifestação, parece ter ignorado que foi isso simplesmente o que fizemos”, frisou.
Nelito Ekuikui disse que “um deputado é um cidadão comum e pode participar em qualquer manifestação para exigir melhorias de
condições de vida dos cidadãos que representa no Parlamento”.
“Fomos eleitos pelo povo. No momento em que o nosso eleitorado atravessa momentos difíceis da vida, nós os deputados temos que manifestar a nossa solidariedade”, acrescentou, salientando que a presença na manifestação “não merece repúdio porque estão a cumprir o que a Constituição de Angola diz ser um direito”
A manifestação de Sábado foi organizada pela sociedade civil – Movimentos Revolucionário e pela Cidadania, com o apoio da UNITA e do Bloco Democrático – e culminou com a detenção de 103 pessoas que estão agora em julgamento sumário no Tribunal Provincial de Luanda.
Relativamente ao envolvimento directo da UNITA e os seus deputados à Assembleia Nacional na manifestação, fortemente criticada por João
Lourenço,
De acordo com o deputado, o discurso do Presidente do MPLA não intimida a UNITA quando refere que o principal partido da oposição “deve assumir todas as consequências dos seus actos”, considerando ter sido uma “irresponsabilidade”. que pode ter contribuído para o aumento acentuado de novos casos de contaminação por Covid-19.
“O senhor Presidente do MPLA não pode intimidar a UNITA. O Executivo que ele dirige, deve dialogar com a sociedade, para o País sair da crise em que se encontra neste momento”, referiu.
Na sua opinião, o comportamento da UNITA não vai deitar por terra todo o esforço que a Nação vem fazendo, desde Março do corrente ano, no combate à pandemia.
“Neste luta contra a Covid-19, o Executivo conta com o apoio da UNITA e da sociedade civil em geral. O que estamos a pedir é que o Governo trace políticas claras para mitigar a crise que afecta os angolanos, não obstante a pandemia”, insistiu, sublinhando que o estado de emergência que se quer implementar novamente no País “é para escapar à responsabilidade porque o Executivo não consegue cumprir o que prometeu”.
O presidente do MPLA, e também Presidente da República, referiu-se, no discurso de abertura do CC, à manifestação do m-de-semana, organizada pela sociedade civil e que contou com o apoio da UNITA e do Bloco Democrático, com críticas à forma como esta foi organizada contrariando as disposições inseridas no decreto Presidencial para o controlo da Covid-19.
Neste discurso, onde João Lourenço focou a sua atenção nos episódios recentes, gerados pela manifestação, que foi reprimida pela polícia, dando origem à detenção de 103 jovens, que estão em julgamento sumário no Tribunal Provincial de Luanda, ficou claro que o líder do MPLA e Chefe de Estado viu de forma negativa o apoio conferido pelo maior partido da oposição aos promotores do protesto.
O Presidente da República, embora falando na qualidade de líder partidário, apontou como “tristes” os episódios de violência verificados no contexto da manifestação que o Movimento Revolucionário e o Movimento para a Cidadania organizaram para exigir medidas contra o
desemprego, contra o aumento do custo de vida e pela marcação das eleições autárquicas.
Considerou “reprovável” o envolvimento da UNITA e dos seus dirigentes, incluindo deputados à Assembleia Nacional, “devidamente identificados”. sublinhando que esse comportamento deve “merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana” e devem assumir as responsabilidades.
João Lourenço disse que Executivo convocou para não “permitir que partidos políticos com assento parlamentar incitem
jovens à desobediência civil” e deixou claro que no seu entender o maior partido da oposição deve assumir as consequências da sua
“irresponsabilidade”.
E fez questão de sublinhar a ideia de que o direito à manifestação em Angola não é ficção, porque o País já assistiu a manifestações pacíficas, protestos e reivindicações, sem problemas, mas abriu um parêntesis para o período que o País e o mundo atravessam graças à pandemia da Covid-19, cujas medidas de controlo à sua expansão impõem “restrições temporárias” a esses direitos.
Aviso directo à direcção da UNITA
Apontando as baterias à UNITA, de forma concreta e intencional, o presidente do MPLA disse que existe a possibilidade de o comportamento dos dirigentes do partido do “Galo Negro” poder levar à obrigação de um novo período de “estado de emergência”.
João Lourenço deixou ainda entender que os dirigentes da UNITA não respeitam o investimento que o País está a fazer no combate à pandemia, desde
“Reiteramos aqui o direito à manifestação, algo que é uma realidade no nosso país, onde já tiveram lugar manifestações pacíficas de protesto ou de reivindicação de direitos, mas não posso deixar aqui de manifestar a nossa indignação com os mais recentes e tristes acontecimentos em Luanda, de desrespeito do Decreto Presidencial que proíbe ajuntamentos populacionais, protagonizado por um grupo de jovens que cometeram desacatos na via pública, destruíram bens públicos e privados de pacatos cidadãos”.
para Lourenço, “O envolvimento directo da UNITA e seus deputados à Assembleia Nacional devidamente identificados é reprovável e deve merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana, que não pode permitir que partidos políticos com assento parlamentar, incitem os jovens e a população para a desobediência civil”.
O Chefe de Estado inclinou as baterias da responsabilização dos maninhos em caso de propagação da Covid-19 “A UNITA deve assumir todas as consequências dos seus actos de irresponsabilidade, que podem contribuir para o aumento acentuado de novos casos de contaminação por COVID-19”.
“Este comportamento da UNITA pode comprometer e deitar por terra todo o esforço que a nação vem fazendo desde Março do corrente ano no combate a pandemia, todo investimento feito em hospitais de campanha, camas e ventiladores e materiais de biosegurança, laboratórios de biologia molecular, todo o sacrifício consentido todos os dias pelos profissionais de saúde que arriscam as suas próprias vidas para salvar outras vidas” disse JLO, que deixou ainda um aviso de que isso pode o obrigar a decretar um novo Estado de Emergência.
“Este comportamento pode levar o país a ter de entrar novamente numa situação de Estado de Emergência que todos gostaríamos de evitar, pelas consequências graves na vida familiar, social e profissional das pessoas e na economia do país”.
Já no fim do seu discurso, o líder do MPLA, disse que o que a UNITA pretende é “A estratégia de tornar o país ingovernável para forçar negociações bilaterais no actual contexto político, em que as instituições democraticamente constituídas funcionam em pleno, não é concretizável. Perante a probabilidade de réplica do que se passou em Luanda pelo país fora, as autoridades competentes vão continuar atentas e cumprir com o seu papel de manutenção da ordem pública e fazer cumprir as medidas tomadas no quadro do Estado de Calamidade Pública.“.
E deixou, mais na vertente política um recado, procurando demonstrar aquilo que entende ser a estratégia da UNITA, que é a garantia de que, se o presidente do maior partido da oposição, Adalberto da Costa Júnior, pretende forçar negociações bilaterais a partir de uma situação de “ingovernabilidade do País”, isso “não é concretizável” no contexto político actual onde, lembrou João Lourenço