A criação da infra-estrutura de ensino universitário público, em Malanje, resulta de um projecto de cooperação entre os governos de Angola e da França.
No ano passado, a França, através do seu ministro da Agricultura, Didier Guillaune, manifestou-se disponível em ajudar a desenvolver a agricultura em Angola e em transmitir a sua experiência no domínio da formação de quadros no segmento da tecnologia agro-alimentar.
O Instituto Superior conta com 10 salas de aulas para 350 estudantes, oito laboratórios e dois pavilhões de transformação de alimentos equipados com tecnologia de última geração.
O centro está apetrechado com laboratórios didácticos e outros ligados à pesquisa, bem como pavilhões de processamento de origem animal
(pescado, carne e leite) e vegetal(frutas, legumes, hortícolas, cereais, tubérculos e leguminosas).
A instituição de ensino superior está vocacionada para formar, numa primeira fase, quadros nacionais nos graus de licenciatura e mestrado.
Anteriormente, quadros do sector eram formados no exterior.
“O país começa a ter já alguma produção agrícola mas, lamentavelmente, não apenas pelas dificuldades de escoamento, sobretudo pela falta de indústria de transformação e de processamento dos alimentos, muito produto se estraga”, exprimiu.
Segundo o Presidente da República, o Instituto Superior de Tecnologia Agro-alimentar vem cobrir uma “grande lacuna que existe no país, que é a necessidade da transformação dos produtos do campo”.
Indicou que os jovens vão aprender, nesta instituição de ensino universitário, precisamente as técnicas mais modernas para a transformação dos produtos do campo.
“Significa dizer que, daqui para frente, aqueles investidores que quiserem apostar nesse ramo do agro-negócios, na agro-indústrias e na transformação dos produtos do campo, terão os quadros de que necessitam, para poderem por andar as suas indústrias”, explicou.
O presidente João Lourenço admitiu, ainda, que institutos de tecnologia agro-alimentar deverão ser replicados em outras regiões do país.
“Temos que nos lembrar que o país é bastante extenso, portanto talvez haja a necessidade de se pensar em replicar isso para o centro do país, para o leste e para o sul de Angola”, exprimiu.
De acordo com o Chefe de Estado, enquanto este estabelecimento for o único, obviamente vai servir todo o país.
Realçou, também, que o Executivo dá uma atenção especial à educação e ao ensino, sobretudo superior.
O presidente João Lourenço ressaltou as potencialidades agrícolas das províncias de Malanje, do Cuanza Norte e do Uíge.
“Malanje é uma província que foi escolhida não por mero acaso, tem potencialidades agrícolas, as províncias à sua volta idem, estou a me referir ao Cuanza Norte e Uíge”, vincou.
Neste ano académico, estão matriculados 176 estudantes do primeiro ao quinto ano. Conta com 24 docentes, entre efectivos e colaboradores (todos nacionais).
Começou a funcionar em 2015, de forma provisória, em salas anexas ao Colégio Amílcar Cabral, na cidade de Malanje.
Nas antigas instalações, devido à falta de espaço, só podiam estudar quase 60 estudantes.
A instituição está a ministrar apenas um curso, o de Engenharia Agro-Alimentar; os outros, como o de Agronomia e Veterinária, serão abertos tão logo as condições forem criadas, indicou o director da instituição, Guilherme Pereira.
Informou que, nesta fase, estão virados para o processo de formação de mais docentes. “À medida que vamos aumentando o número de docentes, abriremos também outros cursos”.
Após o corte da ta e descerramento da placa, o Presidente João Lourenço efectuou uma visita guiada à infra-estrutura, que vai transformar Malanje, Norte do país, num centro de investigação e transformação de alimentos de referência.
Malanje é, actualmente, uma das províncias de Angola com maiorinvestimento em projectos agrícolas privados, de grande dimensão.
É também em Malanje onde está a fazenda agrícola do grupo Castle, produtora da cerveja Cuca, com um investimento de 40 milhões de dólares para a produção de milho destinado ao fabrico da bebida.